 | VIDA E VALORES (ANIMISMO E MISTIFICAÇÕES) ***Nos ensinamentos da Boa Nova, Cristo propõe: Brilhe a vossa luz, enquanto é dia. ***Este é um ensino bonito, dentre tantos ensinos bonitos que o Mestre nos trouxe. Este é fundamental, porque este Brilhe a vossa luz é uma instigação, é uma insuflação à nossa vontade de crescer, de desenvolver nossas potências, transformar nossas potências em atividades. ***Brilhe a vossa luz é muito bonito. Porque Cristo está dizendo que todos nós somos luz, todos carregamos essa chama interna, que muitas vezes bruxuleia, que muitas vezes perde o brilho gradativamente. ***É como se as brumas do mundo fossem abafando o nosso brilho, o nosso luminar interior. ***É por causa disto que a proposta de Cristo se enche de valor para nós. Brilhe a vossa luz. ***Esse trabalho de desenvolver nossas potências, nossa própria realidade é um trabalho de desenvolver a nossa capacidade anímica, nosso animismo, nossa alma. ***A desenvoltura da alma, o progresso do ser é uma das objetivações de nossa vida na Terra. ***Estamos aqui, encarnados, para desenvolver nossas potências. ***A Terra é uma grande escola onde trabalhamos em prol de nós mesmos, em prol do nosso crescimento. Aqui é um laboratório em que, no dia a dia das refregas, vamos conseguindo pôr para fora esse brilho que está internado em nós. ***Curiosamente, quando nos referimos a animismo, existem outras considerações relativas a essa referência. ***Porque, quando Aristóteles falou em animismo, ele pensava em outra coisa, ele pensava de outra maneira. ***Animismo para Aristóteles, por exemplo, era esse fato de alguém tomar um pé de coelho, o animal já morto, transformá-lo num pendentif, ou num chaveiro, ou numa peça qualquer, para dar sorte. ***Aristóteles imaginava que, todas as vezes que tomamos uma coisa morta e lhe damos características de coisa viva, dar sorte, por exemplo, é um ato de animismo. Conferimos alma a uma coisa que não a tem. ****Quando pegamos uma pedra e achamos que essa pedra vai nos dar felicidade, vai trazer-nos felicidade interior, luz, harmonia, etc, estamos, segundo Aristóteles, criando um quadro de animismo, dando um valor dinâmico a algo que é inerte. ***Mas, no campo do Espírito, no campo das coisas da alma, o animismo é essa exteriorização do próprio indivíduo, de cada um de nós. ***Quando se trata, por exemplo, de um fenômeno de ordem mediúnica, em que alguém diz estar dando passividade a um ser espiritual, ou estar manifestando um ser espiritual, a grande preocupação dos estudiosos dessa questão é verificar se de fato é o falecido que fala através do sensitivo, através do sujeito, através do médium, ou se é a própria mente do sujeito, do sensitivo, do médium que se exterioriza. ***É verdade que carregamos no nosso íntimo muitos valores enraizados, armazenados no nosso inconsciente. Valores desta vida, valores de vidas passadas, que estão no nosso inconsciente. ***São riquezas ou pobrezas, mas são conquistas que estão no nosso íntimo, na nossa caixa preta e, em dadas circunstâncias, esse material vem à tona. ***Imaginemos que, num dado momento, sintamos um perfume e esse perfume nos remeta à infância, nos lembremos que nossa avó usava esse perfume. Em função disso, nos recordamos de alguma festa que fomos e a vovó usava esse perfume. Aí nos lembramos que nessa festa em que fomos, tínhamos determinado amigo, comíamos determinada coisa... ***Vejamos como o perfume nos fez recordar, ir andando para trás. A isso se daria o nome de animismo. Quando a nossa memória trouxesse inconscientemente lá de dentro as coisas que estão armazenadas em nós. ***Animismo, então, significa essa projeção da alma do próprio sensitivo, a manifestação da nossa própria realidade, internalizada, coberta que, em dados momentos, vem a lume, em dado momento vem a flux e aflora como se fosse uma outra entidade falando por nós. ***É compreensível que todos nós sejamos indivíduos que temos muito material na nossa intimidade e nem sempre nos demos conta de quantas vezes esse material vem à tona, se manifesta, e podemos supor que seja uma entidade espiritual que esteja se manifestando através de nós. ***Essa parede entre o que é mediúnico e o que é anímico é uma parede muito tênue, muito fina porque, afinal de contas, não temos muita habilidade de perceber em que momento deixamos de ser nós mesmos e estamos filtrando um pensamento alheio. ***Nós não temos muita precisão com relação a isto. É necessário que haja muita especialidade, muito trato, muita habilidade para que nos apercebamos disto. ***Mas, sempre que se fala em animismo, levamos em conta que o indivíduo anímico, não sabe que é anímico. ***Ninguém sabe que está pondo para fora esse material do seu passado, esse material da sua caixa preta, dos seus arquivos psíquicos. ***Quando o indivíduo passa a saber e usa isto de caso pensado, aí então o fenômeno deixa de ser anímico, tipicamente falando, e entramos no território da mistificação. ***A mistificação sempre caracteriza um engano, um engodo, pelo qual quero fazer alguém passar. ***Sempre que mentimos estamos mistificando e , no caso das manifestações espirituais, pode ser que o próprio Espírito que se manifesta, o próprio Espírito que se comunica, diga ser uma pessoa que ele não é. O sensitivo está drenando corretamente, o sensitivo está deixando passar aquela manifestação corretamente, mas o manifestante é que mente. ***Ele diz ser Rui Barbosa, ele diz ser Jesus Cristo ou qualquer outro vulto da História e não é. Nesse caso temos o animismo do Espírito comunicante dizendo ser quem ele não é. ***Mas, encontramos outros casos em que o sensitivo, o médium finge estar dando passividade a um Espírito, finge estar recebendo um Espírito para enganar os outros, para obter lucros ou para qualquer outro objetivo escuso. Nesse caso, a mistificação não é mais do Espírito, é do médium. ***Muita gente procura médiuns na sociedade, procura terreiros, centros espíritas, cartomantes, quiromantes, médiuns quase sempre, sensitivos quase sempre. Contudo, as pessoas não têm a habilidade, não têm o traquejo, não têm o conhecimento para identificar essas coisas. Então, quase sempre entram nesse mundo da credulidade, acreditam simplesmente. ***É muito grande o número de pessoas inescrupulosas que tiram proveito da ignorância popular, que tiram proveito do desconhecimento geral. ***Por causa disto, é sempre importantíssimo que se tenha cautela com os fenômenos da mistificação. ***Como é que eu vou saber se há mistificação ou se não há mistificação? ***Verifiquemos onde é que a informação nos vai levar. ***A informação nos vai levar a alguma dependência de alguma coisa ou de alguém? Não acreditemos. ***A informação nos vai cobrar dinheiro, recursos para que resolvamos casos espirituais, problemas de amor, problemas familiares? Não acreditemos. ***As revelações que nos chegam são estapafúrdias, são irracionais? Não acreditemos. ***Não tenhamos nenhum medo em desacreditar de coisas que nos pareçam absurdas porque nós não devemos crer naquilo que é absurdo. ***Não há nenhum crime em rejeitarmos informações nefastas, o grande problema é quando aceitamos as informações mentirosas. ***Nas páginas de O livro dos médiuns, de Allan Kardec, há uma orientação muito interessante, quando o Espírito Erasto recomenda-nos que Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea. ***E isso é lógico. A verdade sempre aparece, se a rejeito hoje, ela aparece amanhã, ela aparece depois de amanhã, se eu a negar amanhã. ***Porque a verdade é a Lei da vida, ela sempre aparecerá. ***Mas, a mentira deseja imediatamente impor-se porque se demorar ela será descoberta. ***Por isso todo mentiroso quer levar o maior número de pessoas o mais rapidamente possível. Se ele demorar, se a mentira demorar, as pessoas acabam por descobrir. ***Não misturemos, pois, animismo que é essa voz do nosso íntimo inconscientemente vazada, com a mistificação, que é o enganar aos outros de caso pensado. Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 144,apresentado por Raul Teixeira,sob a coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em abril de 2008. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 15 de junho de 2009. Em 17.08.2009. |
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